Uma história sobre futebol americano e algo mais

Título: O lado bom da vida
Título Original: Silver linings playbook

Autor: Matthew Quick

Tradutor: Alexandre Raposo

Editora: Intrínseca

Páginas: 256

Pat Peoples, um ex-professor na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele “lugar ruim”, Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um "tempo separados". Tentando recompor o quebra-cabeças de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito promissora. Com seu pai se recusando a falar com ele, a esposa negando-se a aceitar revê-lo e os amigos evitando comentar o que aconteceu antes da internação, Pat, agora viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida. Uma história comovente e encantadora, de um homem que não desiste da felicidade, do amor e de ter esperança.

Este foi o primeiro livro que li em formato virtual, pois tamanha era a ansiedade, que comprei em edição Kindle para não ter de esperar a entrega. Então, eu poderia colocar a culpa da minha decepção no formato da leitura, com o qual eu ainda não estava acostumada no começo do ano, mas esta não seria a verdade.

A verdade é que a premissa é interessante, mas na prática nada pareceu fazer sentido. Daqui a algum tempo, quando eu pensar neste livro só conseguirei me lembrar de futebol americano. Será que era esta a intenção do autor? Se sim, ótimo, mas se não, temos um problema.

Pat é um personagem amplo, que no início da história já tem bastante para ser desenvolvido. Porém, o autor optou por nos conduzir pelos olhos do protagonista, nos deixando tão cego quanto o próprio personagem está a respeito de seu estado psicológico, casamento, etc. Assim, tudo o que conhecemos a princípio é a versão melhorada de Pat Peoples, que quer reconquistar sua esposa, sendo uma pessoa melhor e enxergando mais o lado bom da vida. Até aí, ótimo. Assim nos mantemos curiosos pelos acontecimentos anteriores e continuamos a leitura na esperança de descobrir alguma pista que indique como a história do personagem chegou ao ponto no qual o encontramos.

Tiffany, irmã da esposa de um dos amigos de Pat, também sofreu/sofre de problemas psicológicos e de uma forma estranha, se torna amiga de Pat. Porém, esta amizade tem sua cota de altos e baixos. Ela é manipuladora, honesta ao ponto de causar desconforto e se irrita com extrema facilidade. Mas, ao mesmo tempo, ela parece ser a única que entende verdadeiramente Pat. Isto faz com que o relacionamento que poderia parecer estranho, seja fácil, natural e funcional para eles.

Para mim, o primeiro verdadeiro problema veio com o futebol americano. Facilmente, no mínimo um quarto do livro é dedicado aos jogos, se passando em estádios (antes, durante e/ou depois de uma partida). Fora isso, o tema é recorrente e bastante exagerado no resto do livro também, com a família assistindo jogos, brigando ou simplesmente conversando sobre isto. Entendo que coisas importantes ocorram nos jogos, assim como é interessante ver a relação de Pat com o pai, irmão e até mesmo com o psiquiatra, tomar um formato diferente por causa da paixão compartilhada que eles têm. Mas ainda acho a frequência desnecessariamente demasiada.

Outra coisa que me incomodou bastante, é que a história está sendo conduzida por um rumo e de repente muda, como se o autor tivesse cansado e decidisse abruptamente colocar um fim na história. O próprio narrador diz que é como se aquela parte da vida dele estivesse acelerada e também é esta a sensação que o leitor poderá ter ao chegar nesta parte. Da mesma forma, o final me pareceu um pouco forçado e abrupto, embora não tenha sido totalmente insatisfatório. Basicamente, é o rumo que eu esperava que a história tomasse, só não aconteceu da forma como eu teria preferido.

Um detalhe que gostei foram os nomes dos capítulos que são criativos e divertidos. Porém, os capítulos em si são longos, algo que particularmente não gosto muito. Por outro lado, a edição virtual está ótima, e não lembro de ter encontrado erros de tradução.

Como sempre, pretendo ler outro livro do autor antes de formar minha opinião final. Mas, este livro definitivamente não entra para os meus favoritos. Em questão de recomendações, talvez recomendasse para o público masculino, que parece mais receptivo à história. Além disso, não é um livro que você termina e pensa "perdi meu tempo", de qualquer forma. Acho a ideia até bastante interessante, só não gostei do desenvolvimento mesmo.

Nota: 4 | Avaliação: ★★☆☆☆ (Razoável)

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