Resenha: De coração para coração - Lurlene McDaniel

Elowyn e Kassey são grandes amigas, que dividem tudo. Mas uma coisa Elowyn não contou para Kassey: ao tirar a carteira de motorista, ela marcou a opção “doadora de órgãos”. Kassey descobre esse detalhe da vida da amiga da maneira mais trágica – quando o desejo de Elowyn está prestes a ser atendido. Arabeth nunca teve a sorte de ter uma melhor amiga. Com o coração doente, ela leva uma vida protegida de tudo e de todos. Até que, aos 16 anos, recebe o telefonema que tanto esperava — mas inicialmente ela e sua mãe não sabem a quem devem agradecer. Quando os mundos dessas três meninas e de suas famílias se cruzam, suas vidas se transformam de maneira nunca imaginada. Kassey, especialmente, encara os fatos como uma forma de manter viva a memória de sua querida amiga. Ela passa a compartilhar da nova vida de Arabeth, ao mesmo tempo em que ajuda a aliviar o sofrimento da família de Elowyn e a compreender a sua própria dor.

Título do livro: De coração para coração
Título original: Heart to heart
Autor(a): Lurlene McDaniel
Tradução: Caroline Caires Coelho
Editora: Novo Conceito
Ano: 2013
Páginas: 208





Uma hipótese teórica em forma de romance



     Com um tema delicado, uma abordagem inovadora e poucas páginas, De coração para coração, de Lurlene McDaniel, consegue chamar a atenção logo na sinopse. Então, ao recebê-lo, não aguentei esperar nem um segundo para começar a leitura que prometia ser promissora. Para a minha surpresa, tudo fluiu ainda mais rápido que o esperado e em apenas uma noite terminei de ler essa envolvente história sobre amizade, recomeços e superação.


Enredo

          A história começa mostrando a amizade que unia Elowyn e Kassey, duas adolescentes que são melhores amigas desde pequenas. Porém, quando Elowyn começa a namorar Wyatt, eles se tornam inseparáveis e Kassey deixa de ser a prioridade da amiga. O problema é que o relacionamento de Elowyn e Wyatt é pontuado por crises e briguinhas, nas quais Elowyn corre para chorar no ombro de sua melhor amiga. Contudo, um dia, após uma briga com o namorado, Elowyn sofre um acidente de carro e entra em coma.

          Neste momento, o mundo de Kassey desmorona. A única coisa que ela quer é que a sua melhor amiga fique bem e volte para ela. Mas o quadro de Elowyn é cada vez pior e, para a tristeza da família e dos amigos, a jovem sofre morte cerebral. E a parte mais difícil ainda está por vir: desligar os aparelhos que mantém Elowyn viva. Isso porque, ao tirar a carteira de motorista, a garota marcou a opção "doadora de órgãos".

          Mas como você segue em frente sabendo que parte da pessoa que você amou – e perdeu – ainda vive em algum lugar? Se o coração dessa pessoa ainda bate, mesmo que em outro peito?

          É assim que a vida de todos que conheceram e amaram Elowyn acaba se cruzando com o caminho de Arabeth, a jovem que recebe o coração e, de certa forma, a antiga vida de Elowyn.


Narrativa

          O livro é dividido em três partes, nas quais as narrativas de Kassey e Arabeth se alternam, sem necessariamente alternar entre as duas perspectiva a cada capítulo. A primeira parte, por exemplo, é totalmente narrada por Kassey, uma vez que narra a história de sua amizade com Elowyn, até a morte de sua melhor amiga, aos dezesseis anos.

          Outro ponto importante no quesito narrativa, é a forma como a autora escolheu abordar o tema. A premissa pode passar uma ideia de drama, regado à lágrimas, mas não é bem isso que encontramos. A história é tão leve quanto o possível, considerando-se o tema, e bastante objetiva e direta. Nada muito descritivo nem polêmico pode ser encontrado no livro. É uma narração mais enxuta, ao estilo "curto e grosso"; ainda assim, não perde a essência tocante ou deixa de passar as emoções propostas.


Personagens

          As três protagonistas são construídas de forma bastante satisfatória. Seus passados são contados em poucos parágrafos, ajudando o leitor a sentir uma conexão quase imediata, como se já as conhecesse há tempos. Elas também mostram alguns traços bem definidos de suas personalidades, e têm conflitos, dúvidas, medos e desejos totalmente condizentes com a realidade de jovens dessa idade.

          Os personagens secundários, por outro lado, são um pouco mal aproveitados. Mesmo os pais de Elowyn ou Wyatt, que ainda têm uma participação maior e reações emocionais bastante verossímeis, não são tão explorados e trabalhados. Não que isso afete tanto na avaliação final da história, mas poderia ser um acréscimo enriquecedor, que daria um algo a mais que, por vezes, senti falta. 


Temática

          Um dos pontos mais curiosos, sem dúvida, é a temática pouco explorada e original de "memória celular". Para quem não sabe, a memória celular é uma hipótese de que as células de todo o corpo  – e não apenas os neurônios – armazenam memórias. E, ao transplantar um órgão, essas memórias também seriam passadas do doador para o receptor. Embora tal teoria não seja confirmada, às vezes nem muito acreditada, existem receptores que após o transplante sofrem algumas alterações na personalidade, hábitos e etc.

               Para demonstrar esse conceito, a autora acabou forçando um pouco determinadas situações ou diálogos, exagerando em certas semelhanças entre Elowyn e Arabeth. Uma falha nessa construção, é que a temática principal já seja apresentada no início (tanto na nota inicial da autora quanto na sinopse), pois quebra o clima de mistério que a autora tenta construir entre os personagens, que ficam confusos com o que está acontecendo e sem saber a origem ou explicação de tal fato.


Romance

           Embora existam romances no livro, nenhum chega a ser o foco principal da história. O único relacionamento que de fato tem uma construção romântica é o de Elowyn e Wyatt. Os outros são mais fases de superação, luto e descobertas que os personagens estão vivendo  o que é um grande ponto positivo, pois em nenhum momento a história prometia ser sobre relacionamentos românticos.

Edição

           A capa não é a mais chamativa ou marcante, mas ao ser analisada se torna mais interessante pela forma como as digitais são posicionadas para formar os corações, retratando muito bem o tema principal de identidade e memória celular. Com edição simples e limpa, o livro é bastante agradável aos olhos. Da mesma maneira, a tradução e a revisão não deixaram passar erros que eu possa recordar, o que é sempre um ponto positivo.


Avaliação

             Este é um livro que eu recomendaria por ser rápido, objetivo e diferente. De certa forma, é um romance para contextualizar um conceito teórico e hipotético. Porém, no geral, ainda senti falta de algo mais profundo, que causasse mais impacto e marcasse o leitor, fazendo a história permanecer vagando no fundo de sua mente, causando reflexões.




Agradecimentos especiais ao Grupo Editorial Novo Conceito, que cedeu o livro para resenha.
Contudo, lembramos aos leitores que as opiniões expostas neste blog não sofrem quaisquer influências das parcerias. 
Os pontos de vistas aqui apresentados se referem unicamente à opinião do autor do post, 
não devendo ser considerado como verdade absoluta em momento algum. 

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About Anna Laitano

1 comentários:

  1. Nuss, vi esse livro na livraria aqui da minha cidade mais nem liguei muito pela capa. Agora que li essa resenha fiquei até com vontade de voltar lá pra comprar! Eita curiosidade, neh kkk
    Òtimo post, parabéns Ana :*

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