Resenha: Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis



Título: Memórias Póstumas de Brás Cubas
Autor: Machado de Assis
Editora: FTD
Páginas: 213

“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas” E é assim, com essa “introdução-epitáfia” que o romance de Machado de Assis, publicado originalmente em folhetins no ano de 1880, começa. Não há quem não diga que essa frase dá uma pitada de curiosidade para conhecer o resto da história. Algo que particularmente acho demais, é as explicações ao leitor que o Machado de Assis dá sobre seus escritos, nesta obra em questão há esse capítulo que o autor já assina como personagem Brás Cubas.



A história começa ao contrário. Começa da morte de Brás Cubas, que irá narrar ao leitor sua vida até o momento inicial do livro (seu enterro). Nasceu em boa família no estado do Rio de Janeiro. Porém os ápices de sua vida são os romances nos quais viveu. 

Seu primeiro relacionamento chama-se Marcela. Ela era mais velha e ele tentava agradá-la de todas as formas gastando muito dinheiro comprando presentes para ela. Seu pai obviamente ficou preocupado e o mandou para estudar em Portugal. Assim que recebe o diploma, volta para o Rio de Janeiro e tem uma paixãozinha por Eugênia, uma adolescente muito bonita, porém há um defeito: é coxa. Cria-se um conflito nos pensamentos do Cubas, nos quais rondavam as frases “tão bela, mas coxa. Coxa de nascença” (preconceituoso). Enquanto isso, o pai de Cubas está procurando uma dama para casar com seu filho, sua primeira opção é Virgília, filha de um político. Os dois chegam a dançar em alguns bailes, mas ela prefere se casar com Lobo Neves. Brás Cubas sofre, pois já via Virgília como sua pretendente, mas não demonstra seu desapontamento.

O pai de Brás Cubas morre, e começa o processo de separação de herança entre ele, a irmã e o cunhado. O resultado estende-se e ele tem um romance com Nhã-loló, uma menina muito meiga. Cubas pensa em casar-se com ela, para seguir definitivamente sua vida, já que Virgília não o quis, contudo, um infortúnio acontece e Nhã-loló morre aos dezenove anos de febre. Sobre isso ele apenas diz: “(...) despedi triste, mas sem lágrimas. Concluí que talvez não a amasse deveras” (e eu concordo). Começa o grande romance do livro: Vírgilia e Brás Cubas! SIM, é isso o que você está pensando, ela começa a se encontrar escondido com o Cubas (que se finge o maior amigo de Lobo Neves, safado) apesar das traições ela nunca chegou a se separar do marido.

Um dia lhe aparece na rua um mendigo, esse é Quincas Borba, um amigo da época da escola, nesse encontro Quincas fala rapidamente sobre suas dificuldades, Cubas lhe dá dinheiro, mas não foi apenas isso que Quincas pegou do amigo, este rouba-lhe o relógio. Mas calma, não vão achando que o pobre Quincas Borba é um mau caráter. Sua vida muda após receber uma herança de um tio. Ele vai a casa do Cubas e lhe dá um relógio novo e os dois voltam a ser amigos próximos. Na verdade o Quincas Borba é sátira que Machado faz do Positivismo e Evolucionismo, coisa filosófica que estavam na moda naquela época, o autor satiriza colocando um personagem mendigo e consciente de sua loucura, que defende uma doutrina de valorização da vida.

Brás Cubas fica admirado e sofre um momento ilusório com as sabedorias e loucuras de Quincas Borba que acaba por falecer e Cubas volta a sua realidade. Seu caso com Vírgilia fica mais forte, começa a "fofocaiada" da vizinhança e a desconfiança de Lobo Neves chega ao ponto de ele aceitar um cargo político no Maranhão, levando a esposa junto.

A vida medíocre de Brás Cubas continua, nunca casou, sem filhos, deputado por não ter melhor opção, chega aos seus cinquenta anos, tenta ser Ministro de Estado, não consegue, funda um jornal e falhe seis meses depois. Muita gente que fez parte da sua história morre, Lobo Neves e Marcela são exemplos. Eugênia mora em um cortiço, numa vida lamentável. Virgília chora muito a morte de Lobo Neves, repete que sempre foi um bom marido.

E finalmente aos 64 anos, morre Brás Cubas, fim do romance, que de tão emocionante tem um fundo irônico. A história é simplesmente sobre alguém que não fez nada esplêndido na vida, mas que teve seu nome eternizado. Quem aqui não conhece Brás Cubas, ou nem ao menos já ouviu falar? São poucos, pouquíssimos! E seu único feito, é o mais comum possível, ter seu nome em uma lápide.



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8 comentários:

  1. Nunca li Memórias Póstumas, mas já assisti a uma montagem teatral quando ainda estava no colégio (faz teeempo hehehe) e gostei bastante da história. Ainda quero ler o livro, já que gosto da narrativa do Machado de Assis (Dom Casmurro é um dos melhores livros que já li).

    Bj
    Livro Lab

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  2. É, eu também nunca tive a oportunidade de ler Memórias Póstumas, mas já ouvi pessoas comentando sobre o mesmo. Depois da leitura desse post tão bem escrito, pode ser que eu até comece a ler! hehehe

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  3. Post muito bem escrito..Preciso ler Memórias Póstumas pra ontem depois disso, e olha quem nem sou muito fã de clássicos '-'

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  4. Preciso ler este livro! Parabéns bela pelo escrito..

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  5. Gostei muito da sua resenha. Muito bem escrito.
    Ainda nao tive chance de ler as obras de Machado de Assis, mas sinto que tenho o dever de ler algo dele...

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  6. É bom, mas ainda prefiro Dom Casmurro, Quincas Borba e O Alienista. Boa resenha!

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  7. gosto desde aulas de literatura, quero ler

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  8. Eu quero ler esse livro! Já li algumas resenhas. (: Parace ser tão bom.

    Beijinhos.
    Carinho das Palavras

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