Resenha: O Príncipe da Névoa - Carlos Ruiz Zafón


Título: O Príncipe da Névoa
Título Original: El príncipe de la niebla
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Tradutor:
Eliana Aguiar
Editora: Suma de letras
Páginas: 184
Uma casa misteriosa na praia abriga um mistério inimaginável...
Em 1943, a família do garoto Max Carver muda para um vilarejo no litoral, por decisão do pai, um relojoeiro e inventor. Porém, a nova casa dos Carver está cercada de mistérios. Atrás da casa, Max descobre um jardim abandonado, que contém uma estranha estátua e símbolos desconhecidos.
Os novos moradores se sentem cada vez mais ansiosos: a irmã de Max, Alicia, tem sonhos perturbadores, enquanto a outra irmã, Irina, ouve vozes que sussurram para ela de um velho armário. Com a ajuda do novo amigo, Roland, Max também descobre restos de um barco que afundou há muitos anos, uma terrível tempestade. Todos a bordo morreram, menos um homem – um engenheiro que construiu o faro no fim da praia.
Enquanto os adolescentes exploram o naufrágio, investigam os mistérios e vivem um primeiro amor, um diabólico personagem começa a surgir: o Príncipe da Névoa, capas de conceder qualquer desejo a uma pessoa – mas cobrando um preço alto demais...

Comprei o livro em espanhol, no final do ano passado, antes de descobrir que a tradução seria lançada no começo do ano aqui também. Mas, como fã, me vi comprando a versão traduzida também, na pré-venda. Ironicamente, a edição em espanhol ainda não chegou. De qualquer forma, recebi a edição traduzida ontem e devorei-o em algumas horas. 

O livro é curto e a história te prende, como qualquer outra do autor, embora a narrativa seja um pouco diferente. Em geral, os elementos que caracterizam o Zafón que todos conhecem e amam, podem ser encontrados desde este seu primeiro livro. A diferença, é que aqui o autor não tinha tanta experiência e, consequentemente, apesar de uma escrita clara, com descrições muito boas e um ritmo contagiante, ainda não havia aquele toque único da forma metafórica de narrar.

Apesar de ser intencionado para o público jovem, este livro, assim como Marina, apela para todas as idades (inclusive, talvez o vocabulário mais simplificado faça parte justamente da intenção de focar-se no público mais jovem). Os cenários são bem descritos, embora a caracterização dos personagens fique um pouco a desejar, assim como a própria exploração dos mesmos. Talvez, se o livro fosse mais longo, alguns aspectos fossem melhor aproveitados. Contudo, o livro faz parte de uma trilogia, então ainda não sei exatamente quais personagens serão remanescentes, apesar de a sinopse das outras histórias dar uma ideia de independência entre as mesmas.

Achei a sinopse um pouco exagerada, prometendo mais do que encontramos. Ao ler, você espera que as irmãs de Max, por exemplo, sejam muito importantes para a história e que os sonhos e vozes que escutam sejam constantes e que, de certa forma, movam o mistério, mas não é bem assim que acontece. Além disso, o romance é relativamente sutil, sem grandes declarações e levemente forçado, em minha opinião.

Uma associação que não pude evitar de fazer em alguns pontos da leitura (embora talvez seja apenas o efeito de acompanhar a série de televisão Once Upon a Time) foi entre o Príncipe da Névoa e Rumpelstiltskin, o também misterioso personagem dos contos de fadas que também concede desejos, cobrando preços cruéis em retorno. Apesar disso, as semelhanças não vão muito além disso.


A diagramação, por sua vez, é simples e limpa, e a revisão e tradução estão muito boas - não percebi erros. Apesar disso, acho a capa original mais interessante. Para mim, a capa nacional não ficou muito realista (dá para perceber uma mudança de cor ao redor do menino na pedra, que não gostei), embora, em geral, crie um clima que combina mais com as capas nacionais dos outros livros de Zafón.

Uma coisa que se deve ter em mente, é que este foi o primeiro livro do autor. No Brasil, a maioria conheceu a obra prima dele, A sombra do vento, antes (inlusive, está no marketing da capa). Porém, se você for com expectativas altas, esperando um livro tão grandioso quanto, pode se decepcionar. Este é o Zafón que antecede o criador do Cemitério dos Livros Esquecidos, e de nossos queridos Daniel e Fermín e até mesmo Marina. Leia o livro esperando exatamente isso: Conhecer o começo da carreira deste escritor, perceber o quanto sua escrita amadureceu até chegar lá.

Resumindo, o talento de Zafón é inegável, com histórias diferentes, encantadas e assombrosas, envoltas em uma atmosfera própria que impossibilita o leitor de largar o livro. Pode não estar em sua fase mais brilhante, mas é claramente um começo que mostra o potencial do autor. Além de um ótimo primeiro contato, para os que ainda não o conhecem. Recomendo!

Nota: 8.5 | http://assets.tumblr.com/javascript/tiny_mce_3_3_3/plugins/pagebreak/img/trans.gifAvaliação: ★★★★☆ (Muito bom)
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About Anna Laitano

4 comentários:

  1. Oie :)

    Nossa você foi rápida com essa resenha em , eu estou louco para ler algo do Zafón e seguindo a sua dica vou começar por esse livro ( eu adorooo a capa kkkkkk ) , beijos !

    euvivolendo.blogspot.com ( comenta lá :D )

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  2. Nunca li um livro deste autor, mas a sinopse e sua resenha aumentaram a curiosidade de saber mais sobre o Príncipe da Névoa.

    Abraços

    Gláucia

    eassimestaescrito.blogspot.com.br

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  3. Tbm nunca li nada desse autor , mas tenho curiosidade. Acho q vou começar com esse , já q vc disse q é o primeiro q ele escreveu. E vc disse que é curto , então é melhor começar com esse mesmo rs. Parabéns pela resenha, bjos.

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  4. Ai, Anna Karoline, eu ando doida por este livro, mas ainda não comprei. Zafón é o meu autor pós-moderno predileto e provavelmente será alvo da minha dissertação de Mestrado se eu conseguir convencer minha orientadora rsrsrs...Mas voltando eu já sei antes de ler o livro, por tudo que li que é bem diferente, do que conhecemos, não só pelo fato de se início da carreira dele, mas também porquê neste momento ele tinha outras perspectivas em mente. Valeu, quando ler te conto.

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