Resenha: A Luneta Mágica - Joaquim Manuel de Macedo


Título: A luneta mágica
Autor: Joaquim Manuel de Macedo
Editora: Paulus
Páginas: 188

Já imaginou se você pudesse ver as coisas e as pessoas não pela aparência, e sim pela personalidade, pelo interior? Seria ótimo descobrir se certo individuo, que você tanto confia, é um crápula! Ou que aquela mulher que você considera feia e estúpida tem um bom coração. Esse é o tema tratado no livro A Luneta Mágica, escrito por Joaquim Manoel de Macedo em 1869.


O personagem principal é Simplício, um míope dependente de sua família, que consiste em um irmão, uma prima e uma tia. O próprio se assume míope duplamente: “Miopia física: — a duas polegadas de distância dos olhos não distingo um girassol de uma violeta.”, “Miopia moral: — sou sempre escravo das ideias dos outros; porque nunca pude ajustar duas ideias minhas.”. Amo essa descrição da miopia moral, faz-nos pensar se dependemos de opiniões alheias.

Depois de tanto sofrimento se sentindo um fardo para a família, um amigo de trabalho leva Simplício a um mágico, o Armênio, o único que pode ajudá-lo. E então, o livro se divide em três belas partes:


A primeira é quando Armênio faz uma luneta para Simplício, mas é um acessório diferente, pois se ele fixar por mais de 03 minutos o olhar em qualquer coisa ou pessoa, ele verá o mal, só o lado podre de tudo e todos. Ele desobedece à ordem do mágico de nunca fazer isso e vê maldade até no por do sol! “vi o sol — não formoso — mas cheio de manchas; vi o sol — não fonte de vida — mas senti a sua força atrativa forjando só os terremotos, os cataclismos, o horror...” sendo assim, torna-se inimigo da população e vira um antissocial, com medo de ser sempre enganado por todos, até que não aguenta mais e PLAFT! Quebra a luneta!

Claro, quem enxerga uma vez quer enxergar sempre! Na designada segunda parte, Simplício volta ao mágico, que lhe faz outra luneta, dessa vez, se ele fixar por mais de 03 minutos, verá a bondade em todos os seres e coisas, ele promete que dessa vez não vai descumprir a ordem, “Beijei mil vezes a minha luneta mágica e mil vezes jurei que seria acautelado e prudente, que me contentaria com a visão das aparências e que nunca iria além de três minutos procurar a visão do bem.”, mas é tomado novamente pela curiosidade e desata a ter uma visão exagerada de sentimentos bons emanados por todos. Como consequência, é tratado como um tolo, o qual anda com más companhias e dá dinheiro a rodo. E mais uma vez PLAFT! O objeto mágico é quebrado.

Após a experiência entre o bem e o mal, Simplício recebe a luneta do bom senso. Nessa terceira parte, ele não nos diz sobre suas experiências, mas alega que com ela vive feliz, diz sobre a reflexão em meio a tanto sofrimento e desespero, assuntos universalmente filosóficos. Chega a ser um livro cômico, uma critica a sociedade. É o tipo de livro que você vive lado a lado com o personagem, chega a sentir os mesmos sentimentos, daqueles que você passa madrugadas sem sentir sono algum. “Então juro que conservarei a luneta do bom senso por toda a minha vida.”




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3 comentários:

  1. Esse livro é ótimo, e a moral que passa é genial :) Mais uma coluna perfeita de dona Biiah Almeida *-* E ah, livro muito bem escolhido!

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  2. Não conhecia o livro, mas parece ser uma boa leitura.

    http://iasmincruz.blogspot.com.br/

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  3. Também adorei a definição de miopia moral, conheço vários que sofrem disso. Gostei bastante da temática do livro, conhecia o título, mas não sabia sobre o que eles tratava. Pretendo lê-lo assim que possível.

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