Resenha: A Pirâmide Vermelha - Rick Riordan

Título: A Pirâmide Vermelha (As Crônicas dos Kane – Vol. I)

Título Original: The Red Pyramid (The Kane Chronicles – Book I)

Autor: Rick Riordan

Tradução: Débora Isidoro

Editora: Intrínseca

Páginas: 448

Desde a morte da mãe, seis anos atrás, Carter Kane viaja o mundo com o pai, o egiptólogo Dr. Julius Kane. Ele não frequenta a escola e seus pertences cabem em uma única mala. Enquanto isso, Sadie, sua irmã mais nova, é criada pelos avós em Londres. Ela tem tudo o que Carter queria: casa, amigos e uma vida "normal". E ele, o que ela mais deseja: conviver com o pai. Depois de tanto tempo separados, os irmãos não tinham praticamente mais nada em comum.Até que na noite de Natal, em uma visita ao British Museum, o pai faz uma estranha promessa: tudo voltará a ser como antes. Mas seu plano dá errado, e os irmãos acabam assistindo ao momento em que um personagem misterioso desaparece com o egiptólogo e provoca uma explosão magnífica. Para salvar o pai, os irmãos embarcam em uma perigosa jornada, na qual descobrem que os deuses do Egito Antigo foram despertados e algo terrível está para acontecer - e que tudo isso está relacionado com uma ligação ancestral entre os Kane e a Casa da Vida, ordem secreta que existe desde a época dos faraós.

Logo no começo, o autor já nos surpreende, para o bem ou para o mal – a narrativa se dá como uma transcrição do áudio gravada pelos narradores (Sim! Duas narrativas em primeira pessoa, revezando-se no decorrer da história), os irmãos Carter e Sadie Kane.

Tenho que dizer que minhas expectativas sobre o livro já eram direcionadas. Como já tinha lido a série inteira de Percy Jackson e os Olimpianos, esperava que a nova série de Rick Riordan fosse a versão Mitologia Egípcia da primeira série. Constatei que era isso mesmo! Mas, e daí? O único “problema” foi a inevitável comparação. Obviamente o estilo era o mesmo, afinal, ninguém vai jogar fora uma fórmula de sucesso... ou vai?

Enfim lendo, percebi que tudo que eu havia gostado em Percy Jackson estava também ali. Adquiri o livro por isso, então tudo bem. Mas comecei a ver que as regras agora eram outras, os deuses eram outros, mais humanos, mais próximos, menos “titânicos”. Os deuses egípcios não são retratados como superiores; pelo contrário. Os deuses estão aprisionados e a maior fonte de poder está nas mãos dos magos. [Vocês entenderão se lerem o livro] Os deuses precisam dos humanos, que não são só marionetes nas mãos dos deuses. “Os deuses tem grande poder, mas só os humanos tem criatividade, a capacidade de mudar a história”, frase dita por um dos personagens.

É admirável como o Rick consegue transmitir jovialidade em temas tão antigos como os mitológicos. A escrita tem uma velocidade incrível, mas sem deixar nenhum detalhe escapar. Ritmo frenético e cenas bem-humoradas. Ele entende o que os jovens gostam. O livro tem trechos realmente engraçados, e as mudanças da narrativa, juntamente com a interação com os deuses e referências supermodernas, traz momentos impagáveis durante a leitura. Muita ação e batalhas grandiosas. As páginas passam e as emoções ficam.

A narrativa alternada me confundiu por vezes. Apesar de a personalidade dos irmãos serem divergentes e muitas vezes, conflitantes, havia momentos que esquecia quem estava narrando. E entendo que é difícil fazer crer em todas as partes que se trata de uma transcrição de áudio, principalmente na hora da ação.

E para quem gosta de finais emocionantes e surpreendentes, este livro é um prato cheio. Parecia que a trama não sustentaria uma continuação, mas o fim do livro cria possibilidades extras.

A história é boa e divertida, e faz o que se propõe a fazer. Ah, quase me esquecia, os hieróglifos nas páginas são um belo atrativo.

Notas editoriais: a capa é lindíssima e brilha quando bate o sol na minha estante. Alguns erros de revisão, como os “Faust” virarem os “Fault” algumas vezes, letras faltantes aqui, falta de pontuação ali. Besteira. Os hifens duplos quando pula a linha em palavras compostas me encucaram, mas parece que agora a regra é repeti-los mesmo quando isso acontece. Nunca tinha visto assim antes, mas esse é outro assunto. 

Nota: 8.5 | Avaliação: ★★★★☆ (Muito bom)

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