Voragem do coração
Por Gui Caetano
Disseram-me para que não me apegasse. Você sabe, não é certo homem chorar, nem por receio, tampouco por anseio. E contaram-me coisas terríveis sobre o amor, talvez para me arrancar da tresloucada ideia de que poderia viver desse sentimento endiabrado que ora alimenta-te, ora devora-te. Avisei-lhes num franzir de cenho que provaria do mal para saber do bem.
Pois bem, apaixonei-me. Assim, sem rodeios ou floreios, como ao pisar num abismo íngreme de insanidade e lucidez, de liberdade e prisão. Meu cérebro adormeceu e deixou num extremo vacilo as rédeas para o coração tomar, um tolo inocente no controle de um corpo perigoso, imprudente. E este, num ato irracional e penitente, permitiu-se cair no precipício de desatino e loucura, de música e poesia, para então saber que uma vez no fundo, jamais sairia, sem talvez uma lágrima de tristeza e duas de alegria.
Lindo o texto, me lembrou a Hazel de A Culpa é das Estrelas contando que se apaixonou.
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