O general se levanta e, numa retórica que encanta, pergunta aos subordinados "Por que lutamos? Por que enterramos os filhos e irmãos em tumbas solitárias longe de casa?". O soldado responde com um orgulho que extravasa, que a razão é pela liberdade, e não enxerga o jogo de verdade da indústria e do governo, do dinheiro que vem em primeiro nas prioridades de um governante. Não acredita, como uma criança ou como um amante, na razão por trás de tudo. A munição que alimenta seu fuzil é a mesma que enche a carteira dos empresários e dos congressistas, cujas garras seguram as bandeiras da nação, e discursam com convicção sobre as virtudes da pátria, uma falácia sem dó para quem perde o sono, o sorriso e a família. Mas como confrontar os interesses dos poderosos enquanto somos apenas cidadãos, lutando pelo leite e pelo pão, e quando longe a chance de sermos felizes? Vão até lá e lutem, meus filhos, pela mátria amada, disparem o gatilho, destruam o inimigo e tragam de volta o nosso brilho; e não se preocupem, pois se algo der errado, serão abençoados com a honra do país e um minuto de silêncio, num ato que diz, ainda que de implícita maneira: "este era o destino desse pobre infeliz".
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Parabéns pelo texto, é triste ver que muitos acreditam nessa "luta pela liberdade", infelizmente conheço alguns.
ResponderExcluirEsse texto é muito bom heim! Poxa, amei. Que bonito, perfeito mesmo *-*
ResponderExcluirA indústria da guerra sempre favorecendo os bolsos de uma minoria e a grande massa que encara a frente da batalha é que se expõe, luta e, muitas vezes, morre ou volta mutilada pra casa.
ResponderExcluirQue texto lindo!
ResponderExcluirQuem dera eu saber escrever tão bem assim! hehe
Esses assuntos políticos são bem tensos. Assim como você falou no texto, olhe lá quando lutamos para sermos felizes e vem esse governo, que só pensa em dinheiro, tirar a nossa felicidade.
Beeijos,
iSteh