Resenha: A Verdade Sobre Nós - Amanda Grace

Madelyn Hawkins está cansada. Cansada de ser sempre perfeita. Cansada de tirar A em tudo. Cansada de seguir à risca os planos que os pais fizeram para ela. Madelyn Hawkins está cansada de ser algo que não é, algo que não quer ser. E então ela conhece Bennet Cartwright. Inteligente, sensível, engraçado. A seu lado, ela se sente livre e independente. Uma história que poderia muito bem ter um final feliz, não fosse por um detalhe: Maddie tem apenas 16 anos, e Bennet, além de ter 25 anos, é seu professor. Pressionada pelos pais a participar de um programa para jovens talentos, Maddie pula dois anos do Ensino Médio e vai direto para a faculdade, onde conhece e se apaixona pelo professor de biologia. O sentimento é recíproco, e para dar uma chance àquele novo relacionamento que lhe faz tão bem, ela decide não contar para Bennet sua idade. Não demora muito para que as coisas comecem a dar errado, e as consequências da farsa de Maddie ganham contornos devastadores quando a verdade vem à tona.
Título do livro: The Truth About You & Me
Título no Brasil: A Verdade Sobre Nós

Autor(a): Amanda Grace
Editora: Flux (BR: Intrínseca)
Ano: 2013 (BR:2014)



Reflexivo, complexo e agridoce

     Nos EUA, Amanda Grace é famosa por suas histórias de amores 'incorretos' e contraditórios. Há tempos já queria ler algo dela, então, ao cruzar com a premissa deste livro, fiquei bastante empolgada e solicitei um ARC, uma cópia antecipada para resenha. O resultado foi uma leitura muito interessante, com uma trama agradável e personagens coerentes. Uma história sobre crescimento, liberdade e as barreiras e limites do que chamamos de amor.


Enredo

          Madelyn Hawkins é a filha perfeita: nunca se meteu em problemas, sempre foi estudiosa e tirou notas máximas na escola. Agora, aos dezesseis anos, ela tem a chance de participar de um programa que as escolas americanas oferecem para alunos acima da média, de terminarem os créditos do ensino médio* na faculdade. E é lá que sua vida começa a mudar, ao conhecer seu professor de Biologia Básica, Bennett Cartwright.

          Bennett é a personificação da liberdade que Maddie busca há muito tempo. Porque ele não a olha como uma criança e quando está com ele, ela também não se sente uma. O problema, é que ele supõe que ela tenha dezoito anos, como todos os outros alunos. 

          Atraída desde o primeiro segundo, ela percebe que o professor talvez possa retribuir o sentimento. Porém, ele não quer arriscar: enquanto for professor dela, nada poderá acontecer. Felizmente, ele só dará aula para ela até o fim daquele semestre. Sendo assim, ela ainda tem tempo para desfazer o engano dele sobre sua idade e contar a verdade antes que algo aconteça.


Narrativa

          A história é narrada em primeira pessoa, sendo cerca de 90% em forma de uma – longa – carta, que Madelyn escreve para Bennett, contando a história dos dois a partir de sua perspectiva. Nesta carta, ela explica cada uma de suas ações e sentimentos durante o tempo em que estiveram juntos, na esperança de que isso melhore as coisas, de alguma forma.

          Não há divisão de capítulos, por se tratar de uma carta. O mais perto disso que temos, é o uso de asteriscos, que separam e marcam o começo e fim de determinados momentos ou lembranças, o que pode acabar fazendo a leitura fluir mais rápido.


Personagens

          Madelyn é uma personagem um tanto quanto irritante. O fato de ser a narradora, infelizmente, não ajuda em nada nesse sentido. Seus pensamentos na maior parte do tempo são infantis e egoístas (além de consideravelmente repetitivos). Ainda assim, ela também é uma personagem coerente e verossímil. Todas as suas atitudes são justificadas pela forma como sempre foi controlada pelos pais, e o momento e a situação que ela está vivendo é a sua busca por se libertar deles, conhecer quem realmente é, e não apenas continuar condicionada a quem os pais acham ou querem que ela seja. Um perfil totalmente típico de adolescentes – ainda mais nos Estados Unidos. Mas, mesmo sendo compreensível e nos fazendo sentir empatia, se torna incômodo em determinado momento.

          Bennett, por sua vez, não tem muita voz. Como tudo o que sabemos dele vem das lembranças e pensamentos de Maddie, é difícil dizer exatamente o quanto do que nos é mostrado corresponde à realidade. Ainda assim, ele é um personagem calmo, gentil e romântico. E embora não chegue ao clichê, às vezes é difícil acreditar em alguma de suas atitudes. Em geral, o que se percebe é que ele é bem menos trabalhado no lado psicológico, aparentando ser mais uma peça para o crescimento e autoconhecimento da protagonista do que um personagem em si, por si próprio. Um meio para um fim, um sacrifício necessário.


Temática/Romance

          A temática é fantástica na teoria: como um número pode mudar seu conceito de amor? Dezesseis, dezoito. A diferença não é grande, mas é capaz de mudar tudo. O que tanto mudará em nossas mente nesses dois anos? Será que realmente encararíamos essas mesmas situações de outra maneira em alguns anos? Quem sabe mais de um relacionamento, as duas pessoas que o vivem ou as que estão de fora? Como um mero fato destrói meses de convivência e sentimento?

           Apesar de levantar alguns desses pontos e acionar reflexões no leitor, a prática não foi tão bem-sucedida assim. Os meses que Maddie e Bennett dividem enquanto ainda não podem saírem em público como um casal, são lentos e repetitivos, sem nada excepcional. Nada ali me pareceu justificar o sentimento existente entre os dois, especialmente da parte dele. Acredito, inclusive, que para ela era apenas a questão de poder e descobrimento, enquanto para ele era uma atração.

          Além disso, o desenvolvimento não teve muito equilíbrio. No começo, a a história é lenta e por vezes até mesmo arrastada, porém, no clímax, tudo acontece em um piscar de olhos e acaba. Depois de tantas voltas ao redor de um assunto, é como se simplesmente ficasse faltando algo, um desfecho mais elaborado, com mais detalhes e explicações.


Edição

           Esta capa é simplesmente linda e atrativa, daquelas que você olha em uma livraria, e então precisa pegar o livro e ver do que se trata. Além disso, gosto de como os dois modelos estão se tocando de forma totalmente delicada, pois representa bem o relacionamento que Maddie e Bennett têm durante o tempo em que são professor/aluna e não podem ter um relacionamento de verdade. Adoraria que a Intrínseca mantivesse a mesma capa para a edição nacional.  

           Por ter lido uma uncorrected proof (provas não-corrigidas, em tradução livre, que ainda não corresponde, necessariamente, à edição final do livro) em Kindle, não posso focar tanto em erros de digitação, embora, sequer me recorde de ter encontrado algum. 



Citação
Garotas como eu? O que eu era, senão uma garota que se apaixonou por uma pessoa que não tinha permissão de sentir o mesmo?

(Tradução livre)



Avaliação

             Se você procura uma história diferente, que questiona os conceitos sociais de certo e errado e te faz refletir, esta é uma leitura super válida. Não é um livro que eu indicaria para todos, pois sei que não agradará a muitos. Contudo, eu recomendo a leitura para quem quer tirar as próprias conclusões e para quem curte o tema. Eu, por exemplo, já estou querendo a minha edição física nacional!



Agradecimentos especiais à Flux, que cedeu um e-book para resenha.
Contudo, lembramos aos leitores que as opiniões expostas neste blog não sofrem quaisquer influências das parcerias. 
Os pontos de vistas aqui apresentados se referem unicamente à opinião do autor do post, 
não devendo ser considerado como verdade absoluta em momento algum. 

   

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About Anna Laitano

9 comentários:

  1. Oie Flor, adorrrrrrreeeii teu blog mesmooo!
    já estou te seguindo pra ficar a par de todas as resenhas que vc fará!!!
    Passe lá no meu cantinho, acredito que vc gostará

    http://daielepatricia.blogspot.com.br/

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  2. Oii. Eu nem tinha me tocado que esse livro era o mesmo que vc falou no "Em Poucas Palavras" e que eu já tinha comentado, tanto que tava até ficando com vontade de ler kk aí quando você falou dos pontos negativos já me desanimou de novo
    Eu não conhecia essa autora, fui olhar os outros livros dela pq vc disse que as histórias de amor dela são meio incorretas igual essa. O que eu achei mais legal é um que as pessoas acham que um cara cometeu um estupro.
    No Skoob a capa brasileira tá diferente, essa original é mais bonita mesmo
    bjs
    felicidadeinventada.blogspot.com

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  3. Achei interessante a história do livro, mas realmente não sei se leria. Normalmente não gosto de livros (principalmente romances) em primeira pessoa e já tô vendo que iria me irritar com a mocinha, rs
    Mesmo assim, acho que vai pra lista do "talvez". :)
    bjs!

    Thaís
    http://umaconversasobrelivros.blogspot.com.br/

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  4. Quando li o final, me chatiei. Não por eles não terem ficado juntos, mas sim porquê aquela conversa final foi tão superficial, tão aquém do que a história precisava.
    Também não gostei dele dizendo que ela era uma criança, por favor né, eram dois anos a menos do que ele esperava e ele já a conhecia além disso. Agora as consequências da mentira dela que já deviam passar pela cabeça dele, com certeza cabia aquela reação.

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    1. Também achei, não teve um ar de conclusão. Durante a história fui construindo uma expectativa e o final não a alcançou, fiquei esperando mais. Como você colocou perfeitamente: muito aquém do que a história precisava.
      É inacreditável como a idade faz diferença, né? Aquela parte que a Maddie pensa que se eles fossem mais velhos não importaria, é a mais pura verdade. Tudo questão de perspectiva, e a perspectiva pode mudar vidas, como vimos nesse livro...

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  5. Sério que termina assim? acho que sou mesmo uma romântica incurável! Please me diz q tem continuação? :´(

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    1. Ao que parece, não tem continuação, não. Mas eu fiquei com essa mesma sensação ao terminar, precisando perdidamente de mais. O final não dá a conclusão que esperamos mesmo. Eu, por exemplo, poderia aceitá-los separados, mas não da forma como terminou. Simplesmente ainda ficou muito no ar, muita coisa pendente... Na minha mente a história tem um final alternativo que eu mesma inventei, haha.

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    2. Tbm fiz isso... precisava desesperadamente de mais...achei tao pouco pra uma historia tao verdadeira, ele nem leu as cartas, nunca soube de verdade que ela o amava, e sei q ela mentiu, mais mentiu pra viver isso, e ele se foi tão fácil....putzzzz realmente queria mais... :/

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  6. Quero continuação !!!Assim não pode ficar !!!!

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