Qual é a sua opinião? #3




Literatura e classe social
Gente que lê é gente que compra? Ou gente que compra é gente que lê?

Pensando no público que consome literatura, imaginando leitores comprando os livros que ainda não escrevi, minha mente fez automaticamente uma imagem padrão de leitor, que pareceu excelente, mas depois se revelou preocupante. Uma jovem bonita, exigente, estudada e com um belo quarto onde lê quando tem vontade. Parei e pensei: “Classe média”.

Acredito que o desejo pela leitura possa vir de qualquer lugar. Mas no atual cenário brasileiro, seria demagogia dizer que os livros chegam a todos os lugares. Seja por falta de incentivo dentro das classes mais baixas, seja pelo preço dos livros – que é insignificante para quem tem dinheiro, mas custoso para os menos abastados –, a realidade é que os mais endinheirados leem mais. É como um ciclo vicioso. Os mais ricos leem, propagam a leitura e ganham em conhecimento, assim gerando mais riqueza.

  
Hoje em dia, há mais opções. Existem bibliotecas gratuitas, mesmo que algumas em muito mau estado. Há a opção dos e-books que podem ser baixados na internet – me refiro ao conteúdo em domínio público e também aos downloads ilegais mesmo. Não acho que o caminho seja incentivar os downloads ilegais, mas o fato é que acabam sendo uma mão-na-roda para quem, sem isso, nunca compraria livros. E nos dias atuais, com classes infinitas e intercambiáveis, sempre se conhece alguém em condições financeiras um pouco melhores, que incentivará e emprestará livros. E o empréstimo mútuo entre os “iguais”, para alargar o conteúdo, também rola. Enfim, ainda acho que o maior problema é a falta de incentivo no próprio âmbito social e familiar em que os indivíduos mais pobres vivem.

Então, eu me pergunto. Ainda hoje, o hábito de ler é, principalmente, um hábito burguês? E os burgueses são burgueses por que leem, ou leem por que são burgueses? Os pobres não costumam ler por que não podem, ou por que não têm interesse por não terem recebido o incentivo devido? Ou será que não há mais essa diferenciação entre classes no que diz respeito à literatura?

O que vocês acham? Deixem suas opiniões.

Eu, como bom pobre (nunca passei necessidade, nem tenho metade do que quero), leria muito mais se pudesse comprar mais livros; mas os leio mesmo assim, porque gosto. E será que quem é mais pobre do que eu, não lê por que não gosta, ou por que nem sabe que esse é um hábito possível? E por que não gosta? Dá o que pensar.

Sonho com o dia em que a pergunta “Você gosta de ler?” soe tão óbvia quanto à pergunta “Você gosta de música?”


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About Anna Laitano

3 comentários:

  1. Concordo que os livros ainda são itens "de luxo" para muitos brasileiros, além de que existem regiões completamente isoladas onde os livros simplesmente não chegam. Só que, pelo menos para o primeiro caso, existe sim a opção da leitura. Bibliotecas (ainda que não nas condições ideais) e os vários projetos que rolam hoje em dia, como distribuição gratuita de livros, etc. Ainda é pouco, mas já é um passo considerável. Acredito que o interesse pelos livros não fica restrito às classes sociais, elas influem, mas não são o único fator determinante.
    Além disso, um ponto essencial é o papel da escola na formação do leitor. Um ensino público defasado certamente é obstáculo na formação dos leitores. Por outro lado, muitos professores não "ensinam" ao aluno o gosto pela leitura, esta é imposta e, portanto, vista como uma atividade chata.

    Acho que falei muito aqui!! =O
    Bjão,
    Livro Lab

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  2. Bem colocado. Realmente, escolas melhores gerariam mais leitores.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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