Qual é a sua opinião?

(Imagem via we♥it)


Primeiramente, deixe-me explicar rapidamente como surgiu essa tag/coluna. A ideia original era a de criar uma coluna de debate, mas, como isso implicava em procurar alguém para ajudar na coluna, decidir assuntos e arrumar tempo para debater, para depois editar e postar, decidi que era melhor fazer sozinha. Pelo menos, por enquanto. Pretendo, sim, abrir vagas para colunistas, então, se tiverem interesse, podem comentar aqui para eu ter uma noção.

Mas, vamos ao assunto de hoje, certo?

Notas do tradutor




Como vocês sabem (ou não), eu faço faculdade de Tradução e Interpretação, portanto, desde o começo do ano (quando também comecei o curso), fiquei mais atenta a detalhes que antes me passavam mais despercebidamente. Algo que vem me incomodando, talvez pelo curso, talvez simplesmente porque venho lendo mais a cada ano, são as notas do tradutor.

Calma, não estou dizendo que é algo totalmente ruim. Só que, alguns livros, me cansam só de folheá-los e me deparar com uma enxurrada de notas de rodapé. O pior de tudo: muitas vezes, elas são desnecessárias.

Dois exemplos de livros que trazem esse exagero de explicações são: Para Sempre - Kim e Krickitt Carpenter, e Além do Universo - Beth Revis.

Tudo bem, é um fato que eu não li ("ler" sendo caracterizado aqui como terminando o livro) nenhum dos dois livros citados. Mas há uma razão para isso. A razão. O tema da discussão.
Para Sempre, na verdade, foi um livro totalmente diferente do que eu esperava. Li os dois primeiros capítulos, no máximo, e desisti. Desta vez, nem foi culpa das pobres notinhas. A história em si, apesar de comovente, ficou muito aquém das minhas expectativas na forma como foi narrada. Tentarei, em 2013, dar uma nova chance ao livro (já está na minha meta, inclusive).

Mas, Anna, o que as notas de tradução tem a ver com seu problema de expectativas?, você deve estar se perguntando.

Acontece que, em Para Sempre, o que me incomodou foi a narrativa, certo? Então, é aí que entra o x da questão. Quando um livro tem muitas notas de tradução, você acaba automaticamente desviando os olhos para o pé da página para ler o que o tradutor achou relevante comentar.

E o que acontece se o que o tradutor acha relevante não é em nada relevante para você? Você revira os olhos volta para a leitura. Mas, se essa quebra de foco é muito constante, você ocasionalmente vai ficar tão cansado de ser tirado de sua concentração, que vai simplesmente parar a leitura por um tempo. E quando você voltar, as notas voltarão. Você vai se irritar e pausar a leitura novamente. E assim vai, até você terminar o livro ou desistir dele.

No caso de Para Sempre, o livro já tinha uma narrativa lenta, com poucos diálogos, então, a quantidade de notas contribuiu, sim, para eu abandonar o livro.

Já no caso de Através do Universo, é diferente. Estou louca por este livro desde que o vi pela primeira vez, lá por abril, quando ainda nem havia sido lançado aqui. Achei a história interessante, e acabei ganhando de aniversário. Numa breve folheada, percebi um detalhe: Notas de tradução. Várias delas. O livro que estava bem acima da minha lista de leitura, portanto, já caiu um pouquinho.


Claro, preciso ler de fato para confirmar se meu trauma se deve à narrativa de Para Sempre, ou às próprias notas em si.

Ah, e antes que me chamem de exagerada, aí vão os dados:

- Para sempre: 17 notas de tradução em 144 páginas. Ou seja, a cada 8 páginas temos uma interrupção.
- Através do universo: 25 notas de tradução em 408 páginas. É como ler perto daquele parente chato, te incomodando a cada 15 páginas, aproximadamente.

Uma delas informa, por exemplo, a distância de uma viagem que os personagens fazem. Dispensável, em minha opinião.

E se pensarmos bem, isso é muito, sim. Lembrem-se: Harry Potter, em 7 livros (com várias palavras e todo um universo criado pela autora), não tem nenhuma nota de tradução e se faz perfeitamente inteligível.

Então, basicamente é isso. Uma nota aqui, outra acolá, tudo bem; elas realmente podem ser úteis. Mas em quase toda folha é um desvio desnecessário de atenção. Somos capazes de fazer inferências (associações com coisas que aprendemos de forma inconsciente, no cotidiano) e fazer uma pesquisa, caso algo nos cause muita estranheza a ponto de prejudicar a leitura. No último caso, inclusive, é mesmo o dever do tradutor intervir. Mas, caso contrário, obrigada, não precisam pensar por mim. É a cara daquele ditado, "quem ajuda demais, atrapalha".

Mas e vocês, já leram algum livro com muitas notas de tradução? Qual foi? Isso atrapalhou sua leitura? Estou realmente curiosa para saber se sou a única!


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About Anna Laitano

2 comentários:

  1. Interessante o tema desse post porque nunca parei para pensar nas notas de rodapé dessa forma. Na realidade, não gosto nem desgosto delas, mas não me lembro de ter ficado incomodada durante uma leitura por causa das interrupções. Geralmente é até o contrário, considero-as quase sempre úteis.
    Vi que você também não curtiu muito Para Sempre. Nele, praticamente tudo é muito ruim, tanto que as notas de rodapé passam meio despercebidas. Claro, falo na minha opinião, já que não gostei da insistência forçada na religião (apesar da história real do casal ser bonita).

    bjo
    livrolab.blogspot.com

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    Respostas
    1. Eu não me incomodo com uma ou outra, às vezes até sinto falta, em alguns livros. Mas o tempo todo, em um livro que por si só já é meio arrastado, complica a situação.
      Talvez você esteja certa, talvez tenha sido o livro em si que me incomodou. Isso só será confirmado quando eu ler Através do Universo, ou outro livro com muitas notas de rodapé, né?
      Beijo!

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