Resenha: Seis coisas impossíveis - Fiona Wood

Dan Cereill levou um encontrão da vida: seu pai faliu, assumiu que é gay e separou-se de sua mãe, tudo de uma vez só. Enquanto isso, sua mãe recebeu de herança uma casa tombada pelo patrimônio histórico que cheira a xixi de cachorro, mas que não pode ser reformada... E, agora, Dan está vivendo em uma casa-relíquia que parece um chiqueiro, com uma mãe supertriste e sem conseguir falar com o pai — que ele ama muito. Suas únicas distrações são sua vizinha perfeita, Estelle, e uma lista de coisas impossíveis de fazer, como: 1. Beijar a garota. 2. Arrumar um emprego. 3. Dar uma animada na mãe. 4. Tentar não ser um nerd completo. 5. Falar com o pai quando ele liga. 6. Descobrir como ser bom e não sair abandonando os outros por aí... Mas impossível mesmo será: 1. Não torcer para que Dan supere seus problemas. 2. Não rir muito com os devaneios dele. 3. Não querer ter um cachorrinho como Howard. 4. Não desejar que a mãe de Dan encontre a felicidade. 5. Parar de ler este livro. 6. Não querer abraçar o livro depois de tê-lo terminado...

Título do livro: Seis coisas impossíveis
Título original: Six impossible things
Subtítulo: Um choque de realidade de cada vez, por favor!
Autor(a): Fiona Wood
Tradução: Ana Paula Corradini
Editora: Novo Conceito
Ano: 2013
Páginas: 272





Impossível é não sentir empatia

     Não deixe que a capa colorida e o fato de o livro ser voltado para o público infanto-juvenil te enganem: este não é apenas um livro para adolescentes. Fiona Wood consegue pegar uma história de enredo simples e dar um "algo a mais", que fará o leitor se sentir conectado com o protagonista, torcendo por ele cada vez mais. Uma bela história sobre positividade, persistência, romances e família.


Enredo

          O mundo de Dan Cereill está desmoronando. Sua família perdeu o dinheiro e seu pai aproveitou o momento para revelar a homossexualidade e sair de casa. Apesar de tentar se reaproximar do filho, Dan está chateado demais para manter contato, então escolhe apenas ignorá-lo. Após mudar-se com a mãe para a grande e gelada casa que ela mãe recebeu de herança, Dan faz uma lista de todas as coisas que lhe parecem impossíveis de acontecer.

          No meio de tudo isso, o único "consolo" para Dan é sua vizinha, Estelle. Infelizmente, a garota é uma das "coisas impossíveis" de acontecer, pois parece não notá-lo. Mas, quando ela finalmente o nota, é em uma situação bastante embaraçosa e difícil de explicar, e que parece fadada a condenar qualquer possível chance que os dois pudessem ter.

          Como se as coisas não pudessem piorar, sua mãe está com dificuldade no novo negócio. Também, pudera, a mulher que acabou de ser deixada pelo marido está tentando vender bolos de casamento! Porém, Dan não se deixa abater tão fácil e segue aguentando como pode, e logo começa a procurar um trabalho para ajudar nas finanças.

          E mantendo o pensamento positivo, aos poucos o garoto parece conseguir começar a atrair coisas boas para si. Na sua nova maré de sorte, até Estelle resolve dar uma segunda chance ao vizinho e colega de classe. Ao que parece, toda situação ruim realmente tem um lado bom e Dan conseguirá dar a volta por cima em sua vida.



Narrativa

          O livro é narrado em primeira pessoa, pelo próprio Dan. Embora muitas vezes o uso dessa técnica possa empobrecer a narrativa, não foi esse o caso aqui. Isso porque a autora construiu um personagem com um senso de humor irônico que não chega a ser depressivo ou forçado, o que adiciona uma dose de leveza à história. Além disso, por visar especialmente o público pré-adolescente/adolescente, também há uma nota juvenil em sua essência, que com certeza trará uma gostosa nostalgia ao leitor.


Personagens

          Dan, o protagonista, é encantador. Não por ser o garoto mais lindo ou descolado da escola, mas pela forma como é real. Ele não é extremamente feliz apesar de todas as pequenas tragédias acontecendo ao seu redor, mas tampouco se faz de vítima e joga tudo para o ar em desistência. Ele é o meio termo que nós mesmos normalmente somos, observando as coisas com um humor por vezes ácido e sarcástico, por vezes simplesmente escolhendo ver o lado bom. Quanto a isso, não há dúvida no meu julgamento: a autora se passa muito bem pela voz de um adolescente, fazendo com que seu protagonista se torne verossímil ao ponto de que você poderia sair na rua e dar de cara com ele.

          Já os outros personagens não são tão bem desenvolvidos. Estelle é uma personagem um tanto quanto confusa para mim, pois cheguei a julgá-la como sendo um tipo de pessoa só para depois descobrir que estava enganada. Claro, é possível atribuir isso ao fato de que o Dan é o narrador e assim como ele vai mudando a forma de ver Estelle, nós também somos conduzidos por ele. Porém, ainda insisto que poderia haver um pouco mais de profundidade nos personagens secundários em geral. O próprio pai do protagonista, por exemplo, poderia ter sido tão bem explorado, mas, ao invés disso, foi meio que deixado de escanteio... Uma pena! 


Temática

          De um lado, temos temas bem juvenis, como amores, festas, saídas às escondidas e derivados. Ainda assim, temas como divórcio, homossexualidade e dificuldades financeiras, são algo que independe de faixa etária. A autora soube misturar todos os temas muito bem, pintando um retrato maravilhoso sobre o que é crescer e como às vezes nos sentimos verdadeiros adultos, enquanto, em outras vezes, somos apenas crianças indefesas.


Romance

           Romance juvenil pode ser traiçoeiro de se escrever. Muitas vezes é difícil passar aquela coisa mais pura, aquele sentimento mais esquisito de descobertas, sem cair em clichês mais do que saturados. O que temos aqui é uma história bem comum no quesito romântico, mas a forma como as situações são retratadas são tão próximas a realidade, em um passo tranquilo, bem trabalhado, no melhor estilo "tudo ao seu tempo", que é quase impossível não sentir algumas borboletas no estômago em determinados momentos.



Edição

           A capa é um pouco sobrecarregada demais para o meu gosto pessoal. O título e o nome da autora se misturam e de certa forma se apagam no fundo multiforme. Ainda assim, condiz com a ideia mais teen que o livro passa. Por outro lado, a edição e o design interno são bem limpos e simples, o que torna a leitura tranquila. A tradução e a revisão também estão de parabéns, porque não lembro de ter notado nenhum erro.


Avaliação

             Alguns podem achar os temas muito juvenis, mas eu discordo. A mensagem principal é de persistência e pensamento positivo, o que é bem legal, animador e válido para todas as idades. Além disso, o livro tem um clima leve, ideal entre aquelas leituras mais complexas que nos sobrecarregam. Uma leitura despretensiosa e encantadora à sua maneira, mesmo com alguns clichês. Impossível não se apaixonar, pelo menos um pouquinho!




Update (20/04): Por ter sido excluída acidentalmente, esta resenha está sendo repostada hoje, com a data em que foi ao ar originalmente. Pedimos desculpas por qualquer transtorno!




Agradecimentos especiais ao Grupo Editorial Novo Conceito, que cedeu o livro para resenha.
Contudo, lembramos aos leitores que as opiniões expostas neste blog não sofrem quaisquer influências das parcerias. 
Os pontos de vistas aqui apresentados se referem unicamente à opinião do autor do post, 
não devendo ser considerado como verdade absoluta em momento algum. 



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About Anna Laitano

4 comentários:

  1. Oi Anna :)

    Não pude ler sua resenha por causa do aviso de spoilers, já que estou louco para ler este livro. Vi quantas estrelas você deu e já adicionei-o as compras de Maio. Beijos!

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Gabriel!
      É uma pena que não deu para você ler. O spoiler na verdade nem é tão grande e só está na parte "enredo", mas é que eu prefiro avisar assim mesmo, justamente para não estragar a leitura dos outros... acho super chato quando não avisam nada e eu me deparo com um baita de um spoiler. Enfim, espero que goste da leitura. Vou esperar sua resenha, hein! Beijos!

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  2. eu gostei muito desse livr, claro que não é incrivel, mas é bem legalzinho.

    Seguindo o Coelho Branco

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    1. Não é? Levinho, bem gostoso... Se na minha idade (19) já gostei, acho que se tivesse lido quando era mais jovem, teria me apaixonado totalmente! haha

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