Resenha: A guardiã da minha irmã - Jodi Picoult

Título: A guardiã da minha irmã
Título original: My sister’s keeper
Autor: Jodi Picoult
Tradutora: Julia Romeu
Editora: Verus
Páginas: 120

Após apaixonar-me pelo estilo da autora em “O Pacto”, decidi ler outro de seus livros, apenas para comprovar seu talento – o que foi uma grande sorte, porque se dependesse apenas de amor à primeira vista pela capa, eu nunca leria este livro. Desta vez, o escolhido foi o mais famoso livro da autora (que, inclusive, foi adaptado para os cinemas com o nome “Uma prova de amor”). O que posso dizer? Que bom que eu conheci Jodi Picoult!

É certo fazer o que for preciso para salvar a vida de um filho... mesmo que isso signifique desrespeitar os direitos de outro?

Anna não está doente, mas parece estar. Aos treze anos, já passou por inúmeras cirurgias, transfusões de sangue e internações, para que sua irmã mais velha, Kate, possa combater a agressiva leucemia que a castiga desde pequena. Concebida por fertilização in vitro para ser uma doadora de medula óssea perfeitamente compatível com a irmã, Anna nunca questionou seu papel... até agora. Como a maioria dos adolescentes, ela está començando a buscar sua verdadeira identidade. Mas, ao contrário da maioria dos adolescentes, ela sempre foi definida em função de sua irmã. Até o dia em que Anna toma uma decisão que para grande parte das pessoas seria inconcebível, que vai destroçar sua família e trazer conseqüências fatais para a irmã que ela tanto ama.

Não há palavra mais propícia para descrever os romances de Jodi Picoult do que “intensidade”. Suas tramas são sempre complexas, provocativas e polêmicas, impossibilitando que o leitor não seja totalmente sugado para dentro do enredo.

Li outro livro que tratava sobre pacientes com câncer, “A culpa é das estrelas”, mas não adianta compará-los, pois são totalmente diferentes. Na verdade, são quase opostos.

A narração é dividida pelo ponto de vista de cada um dos personagens, o que apenas comprova o talento da autora, pois, desta forma, à cada mudança de perspectivas entramos nos medos e convicções de cada um deles, entendendo que esta não é uma história sobre mocinhos e vilões. Cada protagonista tem suas particularidades que o torna único, mas, acima de tudo, verossímil.

Além disso, o livro é dividido em partes, conforme os dias das semanas que se passam ao decorrer da história. Cada uma dessas partes traz uma citação que já prepara o leitor para o que está para vir a seguir.

Os cenários são escassos, como é de costume para Picoult, mas com um enredo tão forte, isso não faz falta em nenhum momento. Gosto bastante do fato de a autora também não ter percorrido um caminho fácil e clichê para agradar o público no quesito romance, afinal, o foco não é este. Em contrapartida, os relacionamentos entre os membros da família são bem pontuados, mostrando o que a doença é capaz de fazer não apenas com o doente, mas com toda uma família. 

Com um final inesperado, este é o tipo de livro que te faz chorar de verdade e mesmo assim você não quer que ele acabe. Belo e trágico, agridoce e que sem dúvida te fará refletir profundamente sobre os assuntos abordados mesmo após terminar a leitura. Totalmente recomendado!

Citação: – Você já escolheu o nome? Fico espantada ao me dar conta de que não escolhi. Embora eu esteja grávida de nove meses, embora tenha tido bastante tempo para sonhar, não parei para refletir sobre os detalhes dessa criança. Pensei nessa filha apenas em termos do que ela vai fazer pela filha que já tenho. (P. 108)

Nota: 10 | Avaliação: ★★★★★ (Ótimo)

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